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VISÃO DO ESTRATEGISTA
RESUMO
Quem acompanha nossa newsletter sabe que vínhamos batendo na tecla de que a melhor forma de se ganhar dinheiro com a inflação era simplesmente a ignorando. E contrariamente a essa opinião, temos tido dados de inflação ao consumidor e produtor (CPI e PPI) sempre surpreendendo pela ponta positiva – como demonstra o PPI divulgado na terça. Mas veja que o evento da semana passada era a decisão de juros pelo comitê de política monetária americano, o FOMC (se você não sabe o que é isso, assiste essa live). Pois bem, o evento realmente trouxe novidades:
(i) O Banco Central americano reajustou para cima as expectativas de inflação para os EUA. O FED elevou a projeção para inflação em 2021 de 2,4% para 3,4% e para 2,1% em 2022.
(ii) Mas essa inflação decorre também de um maior crescimento… O FED elevou a projeção do PIB de 6,5% para 7,0%
(iii) E com uma inflação maior, tivemos mais dirigentes do FED mudando de opinião. O gráfico abaixo compara o posicionamento dos membros do FED na reunião de março (a esquerda) e agora (a direita). Isso levou o mercado a reforçar a ideia de que os juros começarão a ser alterados nos EUA em 2022.
Forex Live
Como costuma acontecer, no curtíssimo prazo o mercado reage e quase sempre de forma exagerada. Vou usar um gráfico como exemplo: o das treasuries de 10 anos. Com o anúncio e sua ata vemos um salto no patamar de precificação dos juros de 10 anos de cerca de 1,48% para 1,59%. Parece pouco, mas em se tratando de juros, assim como o gráfico mostra, não é nada desprezível.
Investing.
Na sequência temos aquele movimento em cascata de VIX para cima (maior volatilidade e incerteza) e a bolsa cai. Tudo em questão de 5, 10 ou 15 minutos (como demonstra o gráfico acima).
Tudo loucura de curto prazo do mercado! Veja que 24 horas depois, os juros voltam, o Vix cede e o mercado de ações se acomoda.
Por isso, reforço que o investidor não pode mudar sua carteira toda vez que surge uma nova headline nos jornais e sites de mercado. O investidor deve lembrar que investir não é uma corrida de 100 metros e sim uma maratona.
JUROS MAIS ALTOS PODEM PESAR SOBRE O MERCADO DE AÇÕES?
É uma boa pergunta, mas a resposta não me parece simples. Eu diria que depende. A meu ver, depende mais da velocidade do movimento de elevação de juros precificada na curva (no mercado) do que dos juros em si. Em pesquisa recente do Bank of America, investidores pontuaram o patamar de 2,5% como de risco para gerar maiores realizações no mercado de ações. Atualmente a curva de juros de 10 anos precifica 1,45%, ou seja, ainda estamos longe desse patamar.
The Daily Shot.
JURO MAIS ALTO NO BRASIL, DÓLAR PRA BAIXO?
No Brasil também tivemos a decisão unânime de elevação de juros , elevando a SELIC para 4,25% e deixando espaço para maiores elevações no futuro.
BCB.
Nesse cenário, sim, é possível que juros maiores vis a vis uma realidade de juros muito baixos pelo mundo, atraia capital externo para o Brasil em busca desses rendimentos. Se isso for verdade, teríamos uma pressão favorável de valorização do real contra o dólar. Em outras palavras: o dólar ficaria mais barato para o brasileiro.
Parece fazer sentido, mas vejo alguns problemas nessa tese:
- Apesar desse aumento de juros, a realidade, tal qual já falei aqui, é a de que o investidor brasileiro está vendo seu poder de compra ser corroído ao investir em grande parte dos ativos de renda fixa disponíveis no mercado nacional. A inflação projetada pelo Boletim Focus para o fim de 2021 é de 5,82%. Ou seja, esse é o valor mínimo de remuneração que você deveria buscar apenas para manter seu poder de compra. Essa inflação não só corrói o poder de compra do brasileiro, como reduz o retorno real dos investimentos em títulos do país. Seguimos tendo uma realidade de juro real negativo (Selic atual de 4,5% menos a inflação dos últimos 12 meses de 8,06%, temos um retorno real de -3,81%).
- Temos vivido um cenário de volatilidade historicamente baixa e índice de commodities nas máximas. No geral, esse é um cenário muito bom para um país emergente exportador de commodities, como o Brasil. E não por acaso, já vimos o real se valorizar mais de 10% frente ao dólar. A pergunta é: até quando vamos seguir vendo esse cenário? E se esse cenário se alterar, penso que sentiríamos o impacto no câmbio.
- Para finalizar, países que crescem mais, vendem seus produtos para o mundo e recebem por isso – além de atraírem capital de investimento para suas economias, valorizando suas moedas. Nesse sentido, ainda temos um cenário de maior crescimento nos EUA ante o Brasil. O Boletim Focus aponta para um PIB crescendo 4,85% no Brasil, enquanto isso, o FED revisou sua expectativa de crescimento para o PIB dos EUA para 7,00%.
Por isso, sigo afirmando que o investidor está tendo uma janela de oportunidade muito boa para começar a dolarizar parte do seu patrimônio. Além de pegar um patamar de câmbio mais baixo que o de 3 meses atrás, é possível ainda aproveitar das quedas de algumas ações para começar a montar seu portfólio.
SEMANA DE CONVIDADOS NO WARM UP AVENUE
Teremos uma semana especial cheia de convidados no Warm Up Avenue, entre os dias 21 e 25 de junho. Veja nosso line-up e não perca:
21/06 – Segunda Macroeconômica
Convidado: Roberto Attuch Jr. – CEO da Ohm Research falando diretamente da Europa.
22/06 – Terça dos REITs – Os fundos Imobiliários americanos
Convidado: Ismael Fernandes (@central_dos_reits) – Referência em REITs no Brasil.
23/06 – Quarta Global – Commodities
Convidado: Mauricio Bellinelo (@mauriciobellinelo) – Especialista em Commodities há 12 anos e consultor em Gestão de Portfólios nos EUA.
24/06 – Quinta das Carteiras- Montando um portfólio internacional
Convidado: Daniel Stapff (@investidorsemfronteiras) – consultor financeiro formado em Business Finance, Summa Cum Laude pela Barry University na Florida
25/06 – Sexta Brasileira – mudanças nos mercados de capitais nos últimos anos?
Convidado: Professor Alexandre Cabral (@professoralexandrecabral) – Ministra aulas e cursos para as mais renomadas instituições brasileiras (B3, Ibmec, etc
Até semana que vem.
William Castro Alves