A nova cara do E-Commerce – Tese de Investimentos

CRESCIMENTO EXPLOSIVO DO COMÉRCIO DIGITAL EM 2020

Uma pesquisa da Salesforce em 20201 mostrou que 80% dos clientes dizem que a experiência que uma empresa oferece é tão importante quanto seu produto ou serviço. Em 2020, a experiência que mais importava para os clientes era a descentralização e, principalmente, a digitalização impulsionada por recursos de e-commerce.

As vendas digitais globais cresceram 36% ano a ano, apenas na Cyber ​​Week. As vendas digitais globais, aumentaram 71% no segundo trimestre e 55% no terceiro trimestre. Só nos Estados Unidos, o crescimento foi de 44%, com os consumidores em geral gastando cerca de US$ 861 bilhões no ano de 20202.

Olhando para a penetração desse modelo no mercado, os Estados Unidos se encontram bem em comparação a outros países. Eles detêm 19% de todo o varejo, porém ainda existe mais espaço no varejo americano para crescimento.

A nova cara do E-Commerce

 

Estamos falando de um mercado de quase US$ 5 trilhões3 nos Estados Unidos e aproximadamente US$ 25 trilhões no mundo4. Só os Estados Unidos representariam cerca de 20% do comércio global e no final de 2020, seu alçance foi de 21,3%5.

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Mas eles não foram os únicos a ter um crescimento relevante. Observem a China6: ela saiu do quarto para o segundo lugar dos países que lideraram o e-commerce em 2020.

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Fonte: Pesquisa feita pelo Shopify

 

Vamos falar de produtos?

Olhando também para produtos, a parte de eletroeletrônicos deve desacelerar. Isso pode acontecer, pois foi o motor que moveu o comércio digital no mundo até então.

Muita gente se sentia confortável em comprar um celular ou um notebook pela internet, mas comprar uma roupa ou fazer a compra do mês, não era algo tão bem-visto assim.

Com a pandemia, essa mudança de hábito foi forçada e teve que virar realidade. Não foi tão doloroso assim e os segmentos mais cotados para continuarem crescendo são os de roupas, alimentação e beleza.

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Entendemos que o e-commerce vai continuar crescendo e que outros segmentos devam começar a se mostrar mais fortes. E é de se esperar que companhias que já viraram a chave para o omnichannel, coleta na calçada e outros serviços voltados para o mundo digital, continuem a se beneficiar mesmo com a diminuição ou o fim de estímulos dados pelos governos.

Companhias como Amazon (AMZN), Shopify (SHOP), Etsy (ETSY), JD.COM (JD), Alibaba (BABA), Sea Limited (SE) e Pinduoduo (PDD), que têm parte relevante do seu negócio voltado para o varejo eletrônico, podem continuar se beneficiando, pois já fizeram o “dever de casa”.

Todavia, não existem apenas esses exemplos. Outras companhias que conseguiram fazer a virada de chave e que estão em segmentos como decoração, roupas esportivas, alimentos e mercado pet, se saíram bem e devem continuar. É o caso da Home Depot (HD), Target (TGT), Walmart (WMT), Chewy (CHWY), Lowe’s (LOW), Lululemon (LULU).

 

Mas será que o dinheiro vai continuar o mesmo?

Segundo um relatório do Morgan Stanley, a pandemia não levou apenas a aceleração do e-commerce como um todo, mas dos modos de pagamentos também. Essa mudança de hábito não afetou só as compras, mas o bolso de muitas pessoas.

O dinheiro físico ficou de lado e abriu espaço para os cartões e as carteiras digitais. Não à toa, vários aplicativos com o modelo “cashback” foram lançados e que a Visa (V) e a Mastercard (MA), viram seus volumes aumentarem de forma significativa durantes os primeiros meses da pandemia.

Pode-se dizer que virou uma realidade comprar online e que cada vez menos o dinheiro físico é utilizado. Isso deve servir como um vento favorável para o setor no longo prazo. Abaixo temos um gráfico dos volumes de Visa e Mastercard.

 

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Outro ponto que é afetado aqui são as compras via mobile. Muito se fala de e-commerce, mas pouco se fala dos crescimentos dos aplicativos e de como comprar online ficou mais fácil. Companhias que são donas de aplicativos como Shopee (Sea Limited), Aliexpress (Alibaba) e Wish (WISH), se saíram muito bem na pandemia.

Segundo a Statista, o comércio eletrônico mobile poderia arrecadar cerca de US$ 3,5 trilhões ao redor do mundo e representar quase 73% de todas as vendas feitas no comércio eletrônico7.

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Depois disso tudo, não se compra mais em loja física?

Ficou claro que comprar de casa é o novo “normal”. Não é preciso nem continuar batendo nessa tecla ou escrevendo mais sobre o assunto. O gráfico abaixo fala por si só:

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Fonte: BlackRock

 

A pandemia do coronavírus está forçando os varejistas a repensarem o papel das lojas físicas. Muitas estão diminuindo o seu tamanho, outras, mudando de lugares caros para espaços mais acessíveis.

O fato é que a ideia que temos de lojas hoje está se transformando em algo totalmente novo. Drive-thru, minirrepositores em depósitos e mais espaço para lidar com devoluções na loja são apenas alguns dos componentes que os varejistas buscarão tornar permanentes em suas lojas.

No entanto, nos fica a pergunta: o varejo físico está com os dias contados? Por enquanto não. Existem muitas mudanças acontecendo. 7

  1. 1. O quarto dos fundos irá se transformar em um mini armazém.
    Empresas como GAP (GPS), Macy’s (M), Best Buy (BBY) e Kohl’s (KSS) têm usado cada vez mais suas salas de estoque para manter estoque extra para compras digitais, não apenas para reabastecer as prateleiras das lojas. Muitas lojas irão continuar como centros para retirada também. A Target (TGT) comentou que 95% das suas vendas no terceiro trimestre8, incluindo as digitais, foram cumpridas nas suas lojas. A Bed Beth & Beyond (BBBY) também disse que atenderam 36% dos pedidos online em suas próprias lojas.
  2. 2. Mais espaços para lidar com devoluções.
    Além de mais espaços para lidar com vendas online e reposições mais ágeis, normalmente, 60% a 70% das devoluções acontecem nas lojas10, de acordo com Amit Sharma, fundador e CEO da Narvar, uma plataforma de tecnologia de devoluções para varejistas.
  3. 3. Coleta na calçada é o novo normal.
    A coleta na calçada disparou em popularidade durante a pandemia, já que muitos varejistas consideram o serviço sua melhor aposta para levar os itens aos clientes prontamente. Companhias como Walmart (WMT) e Costco (COST), já vinham implementando esse conceito.
  4. 4. Aluguéis devem mudar.
    À medida que o papel da loja evolui para lidar com mais pedidos online e oferecer um serviço como o drive-thru, os aluguéis provavelmente também precisarão ser ajustados. Afinal, agora talvez seja necessário um espaço maior para não depender tanto assim do centro de distribuição, ou um espaço diferenciado para oferecer a coleta de rua.
  5. 5. O custo de mão de obra pode cair, mas…
    O custo de mão de obra pode cair à medida que a automatização e a tecnologia tomam cada vez mais conta das lojas físicas. Ainda não sabemos ao certo o impacto em cima de toda mão de obra, mas é esperado uma diminuição de atendentes e mais automatização na entrega dos produtos. Porém, existe um efeito contrário para muitas empresas, que é o aumento de gastos com marketing.

 

PONTOS NEGATIVOS:

  • • Setor altamente competitivo;
  • • A disrupção pode fazer com que muitas companhias tenham de se adaptar rapidamente, podendo não conseguir entregar os resultados desejados;
  • • Setor historicamente com poucas margens;
  • • A indústria de desenvolvimento de software ainda está evoluindo e mudando;
  • • Nem sempre é fácil integrar um software ou site de comércio eletrônico com aplicativos ou banco de dados existentes.

 

 

Referências
1. https://www.bloomberg.com/news/articles/2017-04-25/electric-car-boom-seen-triggering-peak-oil-demand-in-2030s
2. https://www.digitalcommerce360.com/article/us-ecommerce-sales/
3. https://www.statista.com/statistics/443495/total-us-retail-sales/
4. https://www.statista.com/statistics/443522/global-retail-sales/
5. https://www.digitalcommerce360.com/article/us-ecommerce-sales/
6. https://www.shopify.com/enterprise/the-future-of-ecommerce/omnichannel
7. https://www.statista.com/chart/13139/estimated-worldwide-mobile-e-commerce-sales/
8. https://www.cnbc.com/2020/12/17/coronavirus-is-reshaping-retail-stores-for-good.html
9. https://www.cnbc.com/2020/12/17/coronavirus-is-reshaping-retail-stores-for-good.html