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VISÃO DO ESTRATEGISTA
RESUMO
Nessa semana tivemos Joe Biden empossado como 46º presidente dos EUA, sem conflitos ou tensões que pudessem gerar qualquer impacto negativo no mercado. Encerramos, portanto, o processo de transição de governo. Viramos essa página e agora o mercado passa a focar nas primeiras medidas e nos seus impactos em termos econômicos. No podcast de quinta-feira abordamos um pouco isso – confira. Esse post traz um resumo do recente pacote de US$ 1.9 trilhões, proposto pelo novo presidente.
Apesar de todo seu poder como presidente dos EUA, gosto de lembrar que Joe Biden não é CEO de empresa alguma. O que determina o sucesso de uma empresa geralmente é a gestão e a capacidade de se reinventar com soluções que atendam ou criem demandas…a crise recente nos ajudou a ver isso. Então, entendo que o foco do investidor deve ser a empresa da qual já é sócio ou da qual pretende-se investir.
Lembre-se: por trás de cada ação existe uma empresa, com pessoas trabalhando para fazer seus lucros crescerem.
Falando nisso… A Netflix roubou a cena na semana, com números que mostraram um crescimento forte da base de usuários e expectativas positivas do seu management, com destaque para seus fluxos de caixa futuros. Suas ações tiveram a maior alta em 4 anos. Comentamos o assunto no Bom Dia USA e no Warm Up Avenue de quarta-feira. Os bons números da empresa ajudaram a alimentar expectativas positivas com os resultados das big techs, que tiveram uma semana de alta.
Na semana o S&P teve alta de 1,94%, o Nasdaq 4,19% e o Dow Jones 0,59%
Falando em resultados…Essa semana que se inicia será de divulgação de balanços trimestrais. Teremos algumas empresas techs, como Microsoft, Apple, Tesla e Facebook, além de empresas tradicionais como Chevron, Nextera Energy, Johson&Johnson, Caterpillar, Visa, Mastercard, dentre outras que divulgarão seus resultados. Aqui você encontra o calendário completo.
Entendo que o foco dessa semana que se inicia serão justamente os resultados a serem divulgados.
E O MERCADO…
A tônica dominante do mercado segue sendo de otimismo.
2021 se mostra um ano de recuperação da atividade econômica, com países crescendo e empresas apresentando melhores resultados.
Uma pesquisa recente do Bank of America mostra que grande parte dos gestores acredita em aumento lucros para 2021.
The Daily Shot
Por isso, mais e mais gestores colocam dinheiro em ações, reduzindo sua posição de caixa. Vide gráfico abaixo que demonstra a que posição de caixa dos gestores se encontra em patamares historicamente baixos.
The Daily Shot
Cada vez mais gestores assumem mais risco para buscar novos retornos.
The Daily Shot
Por outro lado, uma reportagem da Bloomberg merece atenção, sugerindo que os executivos de muitas empresas, aqueles que vivem o dia a dia das corporações, não demonstram o mesmo entusiasmo. Nos primeiros 15 dias de janeiro um total de 1.000 executivos venderam suas próprias ações, contra apenas 128 que compraram – essa é a maior relação entre vendedores e compradores desde 1988, de acordo com o Washington Service. Ao mesmo tempo as recompras de ações anunciadas pelas empresas – um uso do caixa, ou visto de outra forma, dinheiro de terceiros – voltaram a subir.
Bloomberg
Sigo entendendo que a ideia do “there is no alternative” aliada ao excesso de liquidez global segue guiando os mercados, levando muitos a ignorarem riscos potenciais, uma estratégia que me parece perigosa. Entre os tópicos que merecem atenção estão a possibilidade de inflação aliada a uma possível mudança no cenário de juros; o elevado valuation de diversas empresas e a necessidade de enxugamento dos balanços dos bancos centrais. Estes eventos poderiam trazer alguma incerteza em 2021, em minha visão.
CURIOSIDADE 1…
Curiosidade ou seria um sinal? Não sei, nem me arrisco a justificar, mas mais e mais pessoas vêm buscando entender o que seria uma bolha no mercado de ações. O número de pesquisas no Google sobre o termo “stock market bubble” saltou – vide o gráfico abaixo.
Google Trends
CURIOSIDADE 2…
Com o fim do governo Trump, pode-se fazer um balanço de sua gestão para o mercado de ações. O gráfico do Deutsche Bank mostra o retorno anualizado do S&P nos mandatos de diferentes presidentes. Durante os 4 anos de mandato do governo Trump, o retorno anualizado do S&P foi de 16%, ficando atrás apenas do presidente Clinton, período da “bolha das .COM”. É importante ponderar que a média de Trump deriva de um período de 4 anos, ante 8 dos três presidentes que o antecederam.
Market Watch
LEITURAS INTERESSANTES…
- Investidores estão como “sapos na água fervendo”…hein? Sim, essa foi a expressão usada por um dos gurus do value investment e gestor de mais de US$30 bilhões sobre o momento atual. Leia a reportagem completa.
- Bloomberg fez uma lista de 50 empresas para se observar em 2020. Confira.
- Te cuida, Tesla?! Microsoft e GM se juntam para criar carros elétricos e autônomos. Leia mais.
Para quem quer acompanhar a evolução da vacinação por países, esse link apresenta os dados e está bem completo.
Até semana que vem.
WILLIAM CASTRO ALVES