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VISÃO DO ESTRATEGISTA
RESUMO
Tivemos uma semana mais, pode se dizer , “dentro do esperado e do normal” no mercado americano. Passado o auge da volatilidade por conta do episódio de GameStop, o assunto perdeu espaço no noticiário e, com ele, a volatilidade reduziu, abrindo espaço para que os resultados e dados econômicos voltassem aos holofotes no mercado americano.
Além disso, os resultados das empresas colaboraram para que as bolsas americanas voltassem a flertar com novas máximas, encerrando em alta de 4,65% o S&P 500, o Nasdaq +6,01% e o Dow Jones +3,89%.
NÃO TEM YIELD?
Ao passo em que as ações sobem, a margem de segurança do investimento em renda variável tende a diminuir.
Uma métrica olhada pelo mercado é o chamado Earnings Yield das ações do S&P 500, que atingiu mínima histórica essa semana. Uma possível leitura é de que retorno esperado do investimento em ações nos atuais patamares se mostra historicamente baixo.
The Daily Shot
Por outro lado, essa tem sido uma tônica constante e justificada pela falta de alternativas. Com juros próximos a zero, mesmo um yield de 3% numa ação se torna atrativo e essa é a lógica que vem dirigindo o mercado.
Não obstante, um outro fator se contrapõe à ideia de que o mercado está caro ou esticado.
O QUE PODE ACONTECER QUANDO A POUPANÇA AGREGADA AUMENTA?
Acontece que ao fechar a economia por conta da pandemia, as possibilidades de consumo de muitos se reduziram. O mundo consumiu menos em restaurantes, viagens, passagens aéreas, hotéis, cassinos, etc.
Sim, é verdade que o consumo de outros produtos e serviços aumentou. Também é verdade que muitos perderam empregos e renda, afetando negativamente a riqueza agregada da economia.
No entanto, a injeção massiva de dinheiro na economia atenuou isso. O “net” disso (resultado líquido) foi um incremento muito grande na taxa de poupança dos americanos. Os dois gráficos abaixo demonstram esse ponto. O da esquerda é a comparação com a crise de 2008 e fica claro ver como houve uma forte expansão de poupança. O da direita demonstra o mesmo, mas numa evolução mensal pontuando o impacto dos cheques do governo.
E qual o impacto disso para o mercado?
Bom, se a história nos ensina algo, segundo Denise Chisholm, estrategista da Fidelity, é que o que vimos no passado foi um aumento de lucros das empresas e expansão de múltiplos das ações – vide gráficos abaixo. Ou seja, dois fatores que sugerem que o mercado pode continuar a subir a despeito da incredulidade de muitos.
Fidelity Investments
E POR QUE O DÓLAR NÃO CAI?
O otimismo e apetite a risco que dirigiu os mercados nessa semana. No entanto, apesar do real ser considerado um ativo de risco, não vimos uma performance positiva da moeda e muitos ainda se perguntam: por que o dólar não cai frente ao real?
Pergunta simples que engendra diferentes motivos, teses e teorias. Podemos aqui mencionar alguns motivos bem comuns e amplamente comentados: diferencial de inflação dos dois países, o que acaba por corroer mais o poder de compra da moeda brasileira, os juros excessivamente baixos no Brasil, os receios políticos com o Brasil, entre outros.
Todos fazem sentido, mas a eles eu adiciono um ingrediente importante na equação atual: o ritmo de vacinação dos países já tem sido fator relevante para o desempenho das moedas esse ano. Assim sendo, quem vacinar mais rápido a população pode ver sua moeda se valorizando. Isso porque permite a reabertura de negócios e consequentemente contribui para uma retomada da economia.
Dados da Bloomberg mostram que dos cinco países que lideram a luta contra a Covid-19, todos, exceto um, viram suas moedas ganharem em relação ao dólar em janeiro.
Citando um exemplo, a Inglaterra tem apresentado um ritmo de vacinação mais rápido que EUA e a Europa, e não por acaso a libra esterlina se valorizou. O dólar australiano performa mal porque a vacinação por lá tem sido lenta. O mesmo aconteceu com rúpia da Indonésia, o dólar de Cingapura e o ringgit da Malásia. Mas o maior exemplo, a meu ver, é o shekel israelense, que se valorizou para o seu nível mais alto em 24 anos frente ao dólar – vide gráfico abaixo (quanto mais cai, mais valorizada se mostra a moeda israelense).
Bloomberg
estamos falando de pares de moedas. Portanto, é uma corrida relativa, e talvez para vermos o real se valorizar ante o dólar, precisaremos ver o Brasil acelerar a vacinação da população. Aqui nesse link você encontra dados oficiais confiáveis para acompanhar a vacinação por países.
TUDO VAI BEM, OBRIGADO?
Outro fator preponderante para alta do mercado americano essa semana foram os balanços trimestrais que foram divulgados. Tivemos empresas grandes e conhecidas como Google, Amanzon, Alibaba, Caterpilar, Snapchat, Pinterest, entre outras. Comentamos delas no nosso Bom Dia USA e no Warm Up Avenue. Mas, fazendo um balanço geral até aqui, cerca de 84% das empresas bateram as estimativas de lucros estimados pelos analistas, com uma surpresa positiva de mais de 10% para cima do esperado.
Para essa semana, continuaremos a ver os balanços como um fator importante para o desempenho do mercado. Ações se movem pelos resultados financeiros e estimativas daquilo que acontece com as empresas, portanto esse é um fator importante de acompanharmos. Teremos outras 85 empresas do S&P divulgando seus números, como: Coca-Cola, Pepsico, Nvidia, Twitter, Duke Energy, Walt Disney, GM, Cisco, entre outras – confira o calendário completo.
LEITURAS INTERESSANTES…
- Ainda falando de GameStop, artigo do Brazil Journal traz uma análise do caso na visão de Roberto Attuch Jr, CEO da Ohm Research – confira.
- Além disso, o site Visual Capitalist traz um infográfico bem legal sobre o tema – “The Crazy World of Stonks Explained”.
- Também nessa linha, o HowMuch.net apresenta 7 gráficos das quedas de algumas ações que estiveram em alta nas últimas semanas – confira.
- Itaú e XP finalmente chegam a um acordo, o que ajudou no desempenho das ações essa semana. Leia mais.
- On fire? Ações do setor de cannabis tiveram forte performance essa semana. Entenda o porquê disso.
- Recepcionista virtual? Essa é a ideia da Zoom para ajudar as empresas a voltarem a receber visitantes nos escritórios. Entenda.
- Ajudinha para achar seu par ideal? O Match Group, donos do app Tinder e diversos outros de encontro, lançou no Japão um novo aplicativo que promete ajudar os japoneses solteiros a achar seu par ideal. Leia mais sobre.
Até semana que vem.
WILLIAM CASTRO ALVES