China – Tese de Investimentos

Uma economia que cresce

Crescimento econômico é geralmente um fator preponderante para atração de investimentos. Afinal, muitos querem investir em mercados ou empresas que crescem, se expandam e consigam gerar mais lucros, correto?

A economia chinesa vem apresentando crescimento de forma ininterrupta pelos últimos 42 anos! O último ano em que o país registrou queda do PIB foi em 1976. Ou seja, há mais de 40 anos em que só ouvimos uma tônica acerca da economia chinesa: a do crescimento.

Nesses últimos 40 anos o PIB chinês saltou de US$ 218 bilhões para US$ 12,8 trilhões, com crescimento de mais de 5700%. Não por acaso esse gigante é hoje a segunda maior economia do mundo, representando 18% de toda riqueza global, com um PIB de mais de US$ 12 trilhões, sendo cerca de seis vezes o tamanho da economia brasileira. ¹

O gráfico abaixo compara o crescimento da China com outros países entre 1990 a 2017 (dados do Banco Mundial) evidenciando esse salto da economia chinesa.

A melhor forma de verificar esse crescimento é observando o salto no poder de compras dos chineses. O PIB per capita (resultado da divisão do número do PIB pela quantidade de pessoas do país) em 1980 era de US$ 312 ao ano, ou ainda US$ 26 por mês! Nos anos 2000 esse número já havia saltado para US$ 959. Em 2010 alcançou US$ 4.561 e hoje é de US$ 8.836, algo como US$ 736 por mês. Um valor que parece baixo se comparado a outros países, mas que é um grande avanço quando lembramos que estamos falando do poder de compra de 1,3 bilhão de pessoas. Atualmente a taxa de desemprego na China é uma das menores do mundo: 3,6%.²

Não obstante, você sabia que a China sozinha respondeu por mais de 35% do crescimento do mundo entre 2017-19, sendo esse percentual quase duas vezes maior que a contribuição dos EUA? ³ Mas e 2020, será que esse argumento ainda é válido? Quais os impactos do Coronavirus em sua economia?

De fato, o ano começou com uma surpresa negativa de um vírus que parou a China e deve sim trazer um impacto negativo em termos de crescimento econômico pontualmente no primeiro trimestre do ano. No entanto, o governo chinês tentou acalmar os mercados com uma massiva injeção de liquidez no sistema financeiro, visando garantir ainda a continuidade e sustentabilidade do seu crescimento. Apesar de desacelerar ante os 6.1% de crescimento de 2019, as estimativas apontam para um crescimento acima de 5.5% para sua economia.⁴

Um país continental com oportunidades igualmente grandes

A China é o quarto maior país do mundo em termos de área e o mais populoso com mais de 1,3 bilhões de habitantes – ou seja, uma população maior que a do Brasil, México, EUA, Argentina e Canadá somados.

O crescimento mencionado no tópico acima gerou um incremento do mercado consumidor sem precedentes no mundo. Nos últimos anos, 700 milhões de pessoas se tornaram alvo de consumo primário. São pessoas que saíram de áreas rurais da China e foram para cidades, demandando geladeiras, carros, motos, celulares, internet, etc. Ou seja, o sonho de qualquer empresa.

Abaixo dois gráficos que ilustram a tônica aqui: a de que os mercados de consumo na China apresentam uma forte evolução nos últimos anos. Temos a evolução das vendas de carros e dos números de usuários de internet no país.

Revolução Tecnológica

Além de crescer e gerar oportunidade nos setores tradicionais, a China investiu pesado em educação, pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Foi-se o tempo em que a China era um país produtor de “bugigangas” ou de produtos de menor valor agregado. Hoje, ela desponta com soluções e inovações em setores de ponta como inteligência artificial, 5G, robótica, carros elétricos, entre outros.
Para se ter uma ideia a China já possui os maiores mercados mundiais de Internet e comunicação móvel, os maiores supercomputadores do mundo, o maior número de trabalhos acadêmicos e científicos, etc. Esses e outros fatores levaram o país ao segundo lugar em registros mundiais de patentes, 21% do total, logo atrás dos EUA, com 22%. Não por acaso, a China possui 86 “unicórnios” (startups avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais) em comparação com 151 nos EUA, de acordo com a CB Insights.

A revolução chinessa chegou ao mercado americano e alguns dos maiores IPO’s dos últimos anos nos EUA foram de empresas chinesas – destaque para a Alibaba que vendeu suas ações na bolsa americana em 2014 e levantou US$ 25 bilhões. Outros destaques são o iQiyi – serviço de streaming do Baidu (apelidado “Netflix chinês”), – a startup de comércio social Pinduoduo e a montadora de carros elétricos Nio. O número de empresas chinesas que foram abertas em Nova York quase dobrou, para 31, em 2018.⁵

Bearish view sobre o tema – E o que pode dar errado?

• Receios com a sustentabilidade do crescimento econômico do país. Questões como sustentabilidade ambiental, envelhecimento da população, retornos decrescentes nos investimentos produtivos, entre outros são questões levantadas para questionar a continuidade do crescimento do país.
• As diferenças de regulação e mesmo do sistema político comparativamente aos países ocidentais desenvolvidos geram desconfiança em muitos agentes de mercado acerca da veracidade das informações hoje existentes sobre a economia chinesa.
• Participação governamental na economia ainda é bastante intensa e irrestrita em termos de setores. Ainda que hoje exista uma estabilidade política, sempre há o receio de como será isso no futuro.

Ativos

Existem mais de 80 ações chinesas negociadas nas Avenue. Abaixo as cinco maiores:

Alibaba Group Holding Limited (BABA)

PetroChina Company Limited (PTR)

China Life Insurance Company Limited (LFC)

Baidu, Inc. (BIDU)

JD.com, Inc. (JD)