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VISÃO DO ESTRATEGISTA

RESUMO

Tivemos uma semana mais curta nos EUA por conta do feriado do “President’s Day”, que aconteceu na última na segunda-feira (15/02). Não obstante, o mercado chinês também esteve fechado por três dias. Logo, tivemos uma semana mais morna em termos de notícias e atividade no mercado. Seguimos sem novidades pelo lado de pacote de socorro a economia.

Agora um assunto que gerou pauta nessa semana.

OS JUROS

Na última newsletter comentei que a curva de juros longa (rendimento dos treasury bonds de 10 anos) vinha subindo. Apesar da economia dar sinais de fraqueza, os juros seguem sua toada de alta no mercado futuro. Isso significa que apesar do FED reafirmar que os juros permanecerão baixos por um período longo, os agentes do mercado não dividem dessa mesma opinião. Eles olham para o futuro e veem uma perspectiva crescente de inflação que tenderia a ser combatida com elevação de juros. Não por acaso, nos últimos 7 meses a curva de juros americana saiu de aproximadamente 0.5% para 1.35%. Sim, eles ainda estão baixos olhando em um contexto longo de 10 ou 20 anos de histórico, no entanto, o fato é que a taxa quase triplicou nesse período.

Investing.com

Não por acaso também, temas correlatos a essa alta dos juros têm sido bastante procurados no Google nos últimos dias.

The Daily Shot

Mas o que isso quer dizer? Todos os produtos têm um preço. Os juros nada mais são do que o preço do dinheiro. Ao flutuarem, as taxas nos dizem que o preço do dinheiro no futuro será maior. Não obstante, juros maiores (ainda que no futuro) encarecem os custos de dívida das empresas e reduzem o valor presente dos fluxos de caixa ou dividendos futuros das ações. Portanto, acabam tendo um impacto negativo sobre o mercado de ações.

O estudo da estrategista chefe da Fidelity, Denise Chisholm, é bem interessante nesse sentido.

No gráfico da esquerda você tem: (i) a variação anual do S&P (linha azul) parametrizado pelo eixo da esquerda; (ii) yield real (juros menos inflação) de um título de 10 anos do governo americano parametrizado pelo eixo da direita, que está em base invertida (linha verde). Portanto, existe uma correlação inversa relevante entre ações e taxas de juros reais. Parece complexo, mas em suma: quando o yield dos juros americanos aumenta (linha verde vai para baixo) temos um impacto negativo no mercado de ações (linha azul).

Fidelity Investments

Já a direita temos um gráfico da correlação inversa dessa relação ao longo de anos. Ele demonstra que sim, existe uma correlação entre esses dois indicadores, sendo nesse caso negativa. Ou seja, quando os juros sobem e se tornam reais, temos impacto negativo na bolsa.

Impacto em outros mercados?

  • A queda recente do ouro e suas mineradoras foi atrelado justamente a esse aumento de yield da curva de juros de 10 anos. Se o juro deixa de ser zero, porque investir no ouro não gera yield algum? Se o ouro cai, por que investir em mineradoras? Não estou aqui dizendo se concordo ou não, apenas fazendo uma leitura. Esse é o racional por trás.
  • O potencial das empresas de tecnologia tradicionalmente se encontra no potencial aumento de fluxos de caixas futuros descontados e trazidos a valor presente. Uma alta de juros tenderia a reduzir o valor presente dos fluxos de caixas futuros dessas empresas. Como no caso delas o futuro é muito relevante para o seu valuation, elas acabam sofrendo mais nesse cenário.

Acho ainda cedo para tirar conclusões. Estamos falando de um movimento de algumas semanas. Os juros ainda estão baixos e a economia ainda dá sinais de fraqueza. Portanto não se desespere, nem tomem decisões precipitadas, isso é apenas uma leitura de cenário.

 

IS IT A BUBBLE?

Cerca de um mês atrás aqui nesse nosso “encontro semanal”, trouxe alguns gráficos e a discussão acerca de bolha nos mercados. A simples alta de preços não caracteriza uma bolha, fora isso não há uma definição formal do que vem a ser. No entanto, achei interessante pontuar que em pesquisa recente da Merril Lynch com investidor, apenas 13% acreditam que estamos vivendo uma bolha.

The Daily Shot

BOAS NOTÍCIAS

Falamos muito da evolução e crescimento dos casos de coronavírus ao longo do ano passado. Portanto, agora convém espalhar boas notícias. A boa notícia é que na medida em que o número de vacinados aumenta, vemos uma diminuição no número de hospitalizações no mundo. Nos EUA não está sendo diferente. Até o momento (19/02) temos cerca de 17% da população americana vacinada. E o impacto disso nas hospitalizações pode ser visto no gráfico abaixo.

Statista

INVESTINDO EM URÂNIO E LÍTIO? 

Que tal investir em metais raros? Que tal conhecer mais sobre teses de investimentos que se beneficiam do crescimento dos carros elétricos e da necessidade de maior uso de fontes de energia renovável? Já pensou em investir em Urânio ou Lítio?

Nosso time de análise abordou as teses de investimento desses metais no Bom Dia USA e no Warm Up Avenue do dia 19/02. Se você perdeu, não tem problema, clique aqui e acesse.

LEITURAS INTERESSANTES

  • Trocas da carteira de Warren Buffet. Essa semana nosso estrategista Guilherme Zanin deu entrevista para o Estadão sobre as alterações que o oráculo de Omaha realizou recentemente. E no Bom Dia USA do dia 17/02 comentamos mais sobre o tema.
  • The Big Short ataca novamente. O famoso gestor Michael Burry está apostando em uma nova empresa. Leia mais sobre.
  • O renomado gestor da escola do value investing, Seth Klarman, está comprando uma nova ação. Descubra qual é.
  • E se tudo der errado? Artigo do Motley Fool traz quatro ideias de investimentos caso vejamos outro crash no mercado. Leia e descubra.
  • IPO de cripto? Coinbase, a maior bolsa de criptomoedas atualmente, anunciou que irá fazer IPO em breve. Leia mais sobre.
  • Pagando estacionamento no Google? Começando nos EUA, a Alphabet (dona do Google) vai testar uma funcionalidade para você pagar seu estacionamento ou adquirir um tíquete de transporte público através do Google Maps. Saiba mais sobre.

Até semana que vem.

WILLIAM CASTRO ALVES